Chimarrão, bebida amarga, larga um suave perfume, largo dia que começa. Que nada impeça o costume, que nada peça outro querer antes de te sorver por completo, antes do amanhecer. A lida pede passada, apressada, antes da hora: - Não quero muita demora, te quero andando tropeiro, ligeiro, sem trupicar! - Larga essa cuia xirú! - Larga essa vida largada! - Termina logo o devaneio e despede a madrugada! Permaneço calado, sorvendo o verde tranquílo. É no pensar, a gritaria, um alarido, estupidez, falta de sensatez de uma mente vazia. Ansiedade inoportuna, me atrapalha na fortuna desse momento feliz. A consciência me diz: - Te acalma índio, tem tempo! - O pensamento é agora, o trabalho é lá fora. Até que o raiar apareça, permaneço matutando, pensando em buscar a china pra chimarrear na esquina da vida que me espera; sair dessa tapera larga, que me amarga a solidão. - Mas, e o trabalho, gaúcho? - Te pucho pra fora do rancho, nem que seja de arrasto. - Pro pasto te levo a pique, nem q
O futuro é um lugar seguro; ali posso me esconder e tudo pode acontecer sem responsabilidade. Há uma feliz-cidade atrás do monte - um monte de coisas não acontecidas; além da curva, um caminho que não vi; ali corre um rio depois do horizonte; e uma imaginação escondida transborda naquela inexistente ainda, vida. A vida do porvir, no ir e voltar das coisas que ainda não são. Quero ir pra lá; lá onde o sol vai nascer de novo, onde encontro certeza e socorro. Se morro, vivo; se vivo, lá ainda não nasci; se vi ainda não enxergo. Me apego nessa expectativa, Nessa certeza viva na correnteza inexorável do tempo, que me leva correndo, depressa, na esperança acalentadora de estar onde ainda não estou (Yldo Gaúcho)