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O MAR DAS DESAVENÇAS (poesia)

 

Já estive preocupado mas agora só navego

Entrego meu coração para o vento

E não tento mais resolver

Aquilo que não me faz viver

 

Já icei as velas,

Já mirei o horizonte

Há um monte logo ali

Um monte de coisas que não vi ainda

E não sei onde vai dar

 

No momento, no entanto,

só procuro o meu canto

Para cantar sozinho,

bem longe

do barulho silencioso das ofensas,

da atmosfera tensa das palavras,

bravas ondas sem amor

ditas ao vento, sem temor

sem olhar pro amanhã

sem piedade ou dó.

 

Estou só

nessa jornada pelo mar,

pelo ar da graça, na praça,

na rua, na estrada da vida.

na comprida missão que nunca termina

 

Um vento sopra suave sobre mim

Um consolo me afaga e me abraça

Mesmo sem companhia

na fria senda das águas e das ondas

 

O mar é profundo

Mais profundo é meu pensamento

Um alento solitário

enquanto remo calado

Parado que estou

Perplexo fiquei

não há mais ninguém

 

A lua aparece tranquila no céu

as nuvens cobrem seu sorriso prateado

as mesmas que choveram ontem

que um dia transbordaram o oceano

esse insano mar das desavenças


(Yldo Gaúcho)

 

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