Agradecimentos
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Introdução
O Ressoar do pânico por trás de todas a coisas
Acho que levar a vida a sério é mais ou menos isto: qualquer coisa que a pessoa faça neste planeta tem de ser feita no contexto da verdade quem que se vive, a do terror da criação ... a do ressoar do pânico que está por trás de todas as coisas. Caso contrário, é fingimento. (Ernest Becker, The denial of death)
Bendirei o Senhor em todo o tempo; seu louvor estará sempre nos meus lábios. MInha alma se gloriará no Senhor; os aflitos ouvirão isso e se alegrarão. Engrandecei o Senhor comigo e juntos exaltemo seu nome. (Salmos 34:1-3)
O sofrimento está por odos os lados, é invitável e de um alcance muita vezes avassalador. Se você passar uma hora lendo este livro, mais de cinco crianças ao redor do mundo terão morrido em consequência de abuso e violência durante esse período de tempo. Se passsar o dia inteiro lendo, mais de cem crianças terão sido vítimas de morte violenta. Mas essa, evidentemente, é apenas uma das incontáveis formas que o sofrimento assume. De hora em hora, milhares de pessoas morrrem vítimas de acidente de trânsito ou de câncer, e centenas de milhares recebem a notícia da morte repentina de alguém que amam. É como se uma pequena cidade desaparecesse do mapa todo os dia, deixando familiares e amigos totalmente desolados.
Quando um número muito alto de mortes acontece de uma só vez, como no caso do ciclone Bhola, que atingiu Bancladesh em 1970, do tsunami no oceano Índico em 2004 ou do terremoto no Haiti em 2010 - catástrofes que, por si só, mataram trezentas mil pessoas ou mais de uma única vez -, as manchetes se espalham pelo mundo e todos ficam chocados com a tragédia. No entanto, as estatísticas enganam. Na verdade, essas calamidades históricas não alteram de fato as proporções do sofrimento. Dezenas de milhares de pessoas morrem todos os dias em tragédias inesperadas, e centenas de milhares são esmagadas pela tristeza e pelo choque. Mas a maioria das tragédias não chega ao noticiários porque a dor e as aflições são normais neste mundo.
Shakespeare captou a essência disso tudo ao escrever: “A cada nova manhã novas viúvas pranteiam, novos órfãos choram, novos lamentos golpeiam a face do céu.”
O mal e o sofrimento são tão difundidos que nem sequer ficamos perturbados ao ler estatísticas como as que citei. Mas deveríamos. O escritor Ernest Becker dicorreu sobre o perigo de negarmo a mazela da vida e o caráter aleatório do sofrimento. Quando ouvimo sobre uma tragédia, um profundo mecanismo psicológico de defesa entra em ação. Dizemos a nós mesmos que essas tragédias acontecem com os outros, com gente pobre ou desprevenida. Ou nos convencemos de que, se elegermos os políticos certos e endireitarmos o sistema social, nada asim se repetirá.
Contudo, Becker acreditava que esse tipo de raciocinio não “leva a vida a sério” ou não admite o “contexto da verdade em que se vive, a do terror da criação ... a do ressoar do pânico que está por detrás de todas a coisas”. Esse pânico vem da morte. A morte, irredutivelmente imprevisível e inexorável.
Essa mesma mensagem se extrai de um artigo publicado pela revista The New Yourk Times durante o episódio do “franco atirados de Washington”, ocasiã em que um homem assassinou várias pessoas, na capital dos Estados Unidos, em ataques, ao que parece, completamente aleatórios e que não eram motivados por raça nem por idade. Ann Patchett escreveu:
“ Buscamos sempre uma explicação para um assassinato com o objetivo de mantê-lo distante de nós: não me encaixo nessa descrição; não moro nessa cidade; eu jamais frequentaria um lugar desses nem conheceria uma pessoa dessas. Mas o que acontece quando não há uma descrição, um local, um perfil das pessoas envolvidas? Onde buscamos nossa paz de espírito?
A verdade é que adiar a própria morte é um dos passatempos nacionais favoritos. Seja com exercício físico, seja com checagem do colesterol, seja com mamografia anual, vivemos nos protegendo da mortalidade. Traçamos um perfil e descobrimos formas de não nos encaixar nele. No entanto, um franco atirador que dá um único tiro, certeiro, não contra uma multidão, mas, contra quem atravessar seu campo de visão, lembra-nos da realidade horrorosa da própria morte. Apesar das nossas melhores intenções, ela ainda é, na maioria das vezs, aleatória. E com toda certeza, está chegando.”
Patchett e Becker explicaram as formas que normalmente ...
(19/04/2021) ... usamos para negar o ressoar do pânico. este livro é um esforço para fazer o que eles recomendam com insistência: levar a vida a sério. Quero ajudar os leitores a viver bem e até mesmo com alegria diante dessas realidades terríveis. A perda de pessoas amadas , as doenças debilitantes e fatais , a traição pessoal, as reviravoltas financeiras e os fracassos morais - todas essas coisas um dia o atingirão se você tiver uma longevidade normal. Ninguém está imune.
Assim, não importam nossas precauções, quanto nos esforçamos para ter uma vida boa nem quanto nos empenhamos para ser saudáveis, para ficar ficos, para viver bem com familiares e amigos, para ser bem -sucedidos na profissão - invevitavelmente, algo arruinará isso. Não há dinheiro, poder nem planejamento capazes de impedir que o luto, uma doença terrível, uma traição, um desastre financeiro ou uma infinidade de outros problemas entrem em sua vida. A vida humana é inevitavelmente frágil e sujeita a forças que estao além do nosso poder de controlá-las. A vida é trágica.
Sabemos disso por intuição, e aqueles que enfrentam o desafio do sofrimento e da dor sabem muito bem que é impossível fazê-lo exclusivamente com a próprias forças e nada mais. Todos precisamos de apoio, se não quisermos sucumbir ao desespero. Neste livro, defenderemos que esse apoio tem de ser necessariamente espiritual.
"Os aflitos ouvirão e se alegrarão"
Quando Kathy e eu nos casamos, fizemos nossos votos diante de amigos e familiares. Além das promessas tradicionais, acrescentamo uma passagem bíblica - Salmo 34:1-3 - cuja citação está gravada no interior de nossas alianças.
Bendirei o Senhor em todo o tempo;seu louvor estará sempre nos meus lábios. Minha alma se gloriará no Senhor; os aflitos ouvirão isso e se alegrarão. Engrandecei o Senhor comigo e juntos exaltemos seu nome.
O momento dos votos foi emocionante e intensificado pelas palavras sublimes do versículo. Estávamos embarcando juntos numa vida inteira de ministério cristão e planejávamos testemunhar corajosamente ao mundo sobre o Deus que conhecíamos. Mas naquela ocasião, praticamente ignoramos as palavras no meio do versículo. A definição que o texto faz de ministério bem-sucedido é que "os aflitos ouvirão isso e se alegrarão". Um dos motivos pelos quais a frase nos passou desapercebida foi porque, como Kathy explicou mais tarde, "tinhamos pouca idade, e não havíamos sofrido sequer por uma unha encravada". Éramos jovens,e a arrogância da juventude não prevê dor e sofrimento. Não sabíamo quase nada sobre a grande importância de levar as pessoas a entender e enfrentar a aflição nem como nós mesmos poderíamos enfrentá-la bem.
No início do ministério tentei ... (continuará)
A fornalha ardente e o plano para este livro
Então este é um livro para os que sofrem? Sim, entretanto precisamos fazer alguns esclarecimentos. Todos somos ou seremos alguém que sofre. Mas nem todos estamos enfrentando dores e sofrimentos profundos neste momento. Quem não está passando por sofrimento mas o vê na vida de outras pessoas terá muitas perguntas de caráter filosófico, sociológico, psicológico e moral a fazer sobre isso. Por sua vez, aqueles que estão presos às garras da dor e da dificuldade neste momento ... (continuará)
PRIMEIRA PARTE
ENTENDENDO A FORNALHA
UM - As Culturas do Sofrimento
"De que adianta continuar?", meu par perguntou no leito de morte.
Treinando para o sofrimento
O sofrimento parece destruir tantas coisas que dão significado á vida, que pode parecer impossível até mesmo seguir em frente. Em suas últimas semanas de vida, meu pai enfrentou uma série de doenças fatais e dolorosas de uma vez só. Ele teve insuficiência cardíaca e tres tipos diferentes de câncer, enquanto lutava contra cáuculos biliares, enfisema e dor ciática aguda. Um dia ele perguntou a um amigo: " De que adiante continuar?". Meu pai estava doente demais para fazer as coisas que davam sentido à vida - então, por que continuar a viver? No funeral, esse amigo nos contou que, de modo gentil, havia feito meu pai se lembrar de alguns temas importantes ... (continuará)
DOIS - A Vitória do Cristianismo
TRÊS - O Desafio à Perspectiva Secular
QUATRO - O Problema do Mal
SEGUNDA PARTE
ENFRENTANDO A FORNALHA
CINCO - O Desafio da Fé
SEIS - A Soberania de Deus
SETE - O Sofrimento de Deus
OITO - A Razão Para o Sofrimento
NOVE - Aprendendo a Caminhar
DEZ - As Variedades de Sofrimento
TERCEIRA PARTE
CAMINHANDO COM DEUS NA FORNALHA
ONZE - Caminhando
DOZE - Chorando
TREZE - Confiando
CATORZE - Orando
QUINZE - Pensando, Agradecendo, Amando
O Filho de Deus sofreu até a morte, não para evitar que os homens sofressem, mas para que seus sofrimentos fossem iguais aos dele. (George MacDonald, Unspoken Sermons)
Se fôssemos fazer uma lista dos sofredores ...
A paz que ultrapassa o entendimento
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A disciplina do pensar
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A disciplina do agradecer
Primeiro, você aprende a disciplina de pensar, depois, a disciplina de agradecer. Em Filipenses 4:6,Paulo recomenda: “Não andeis ansiosos, ... sejam os vossos pedidos plenamente conhecidos diante de Deus por meio de oração e súplica e com ações de graça”. A gratidão aparece em contraste com a ansiedade. Mas observe cuidadosamente: essa afirmação é um pouco contraintuitiva, não é? O lógico seria Paulo dizer para fazermos nossas petições a Deus e, então, se formos atendidos, agradecermos pelas respostas. Porém, não é isso o que o apóstolo diz. Ele nos manda dar graças enquanto fazemos o pedido, antes de obtermos a resposta.
Por que devemos agradecer a Deu antecipadamente? À primeira vista, não faz nenhum sentido. Entretanto, se pensarmos bem, entenderemos a lógica de Paulo. Em essência, ele está dizendo para confiarmos no comando absoluto de Deus sobre a história e sobre nosssa vida. Está explicando que nunca ficaremos contentes a não ser que, quando fizermos nossa petição sincera, também reconheçamos que nossa vida está nas mãos de Deus e que ele é mais sábio do que nós. È isso que fazemos ao agradecê-lo por qualquer resposta que ele dê ao nosso pedido. Essa é a essência, claro, de dois versículos importantíssimos, um do Antigo Testamento e outro do Novo Testamento. “Certamente planejastes o mal contra mim. Porém Deus o transformou em bem” (Gen 50:20) e “ Deus faz com que todas as coisas concorram para o bem daqueles que o amam (Rm 8:28). Este versícuo de Romanos não deve ser lido de forma sentimental. O versículo não diz que todas as coisas ruins tem um “lado positivo” ou que todas as coisas horríveis que podem acontecer são, de alguma forma, “coisas boas, basta analisarmos da maneira correta”. Não. Em Romanos 8:28, Paulo diz que todas as coisas - até mesmo as ruins - serão conduzidas em conjunto por Deus de tal forma que, no fim, o mal intentado produzirá exatamente o oposto de seus desígnios: bem e glória maiores do que aconteceria de outro modo. No momento, apenas Deus tem a visão priilegiada e a perplectia eterna de enxergar todas as coisas trabalhando em conjunto para o nosso bem e a sua glória, mas um dia estaremos nesse lugar e também apreiaremos o cenário inteiro.
Já analisamo esse ensino bíblico fundamental em outro caítulo. Como Deus é soberano, devemos confiar nele. Mas aqui Paulo vai um pouco mais adiante. Como Deus é soberano, devemos lhe dar graças, ter uma vida de gratidão por sabermos que ele é soberano. Devemos agradecer-lhe antecipadamente, até mesmo enquanto fazemos nossos pedidos. Temos de agradecer-lhe por tudo que nos dá, mesmo não entendendo bem as coisas.
Tenho um exemplo bastante real disso em minha vida. ]quando eu estava com vite e poucos anos de idade, orei um ano inteiro sobre uma namorada com quem queria me casar, mas ela desejava terminar o namoro. Durante todo o ano , pedi: “Senhor, não permita que ela termine o namoro”. Hoje eu sei que ela não era a pessoa certa para mim. Naquela época, porém, fiz de tudo para ajudar Deus a responder à minha oração; durante as férias que antecederam o rompimento do namoro, me mudei para perto de onde ela estava, para vê-la mais facilmente. Eu estava dizendo: “Querido Deus, estou facilitando as coisas o máximo possível para ti. Eu pedi que o namoro continue, e até mesmo diminuí a distância geografica entre mim e ela”. Porém , ao analisar asituação, vejo que Deus estava explicando: “Filho, quando um dos meus me faz um pedido, sempre lhe dou o que teria pedido se soubesse tudo o que sei”.
Você acredita nisso? À medida que você crer mesmo nisso, vai ter paz. Se não crer, não terá a paz que poderia receber. Faça seus pedidos com agradecimentos.
A disciplina da reordenação dos nossos afetos
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Realocando a nossa glória
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O belo e terrível processo
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O segredo da paz
DEZESSEIS - Mantendo a Esperança ...
APÍLOGO
Vamos resumir o que aprendemos até aqui. Se conhecermos a teologia biblica do sofrimento e nela engajarmos nosso coração e mente, quando a tristeza, a dor e a perda chegare, não seremos pegos de surpresa e poderemos responder conforme as várias maneiras ensinadas pelas Escrituras. A seguir, essas maneiras são apresentadas em dez atitudes que devemos tomar.
Primeiro, temos de rconhecer as variedades de sofrimento. Algumas dificuldades são, em grande parte, resultantes de mau comportamento. Outras, de traições e ataques de terceiros. Existem também as formas mai univeresais de perda que todos sofremos, independentemente do nosso modo de vida, como a morte iminente.Há ainda um último tipo de sofrimento que pode ser chamado de horrendo, como os tiroteios em escolas e universidades. Naturalmente, muitos casos de sofrimento combinam alguns desses quatro tipos. Cada tipo leva a sentimentos diferentes: o primeiro traz culpa e vergonha; o segundo, raiva e ressentimento; o terceiro, tristeza e medo; o quarto, confusão e talvez raiva contra Deus.Embora todas essas formas de lsofrimento partilhem alguns temas - e sejam tratadas de maneira semelhante - cada uma delas também exige respostas específicas.
Segundo, devemos reconhecer as diferenças de temperamento entre nós e outras pessoas que sofrem. Precisamos ter o cuidado de não achar que Deus nos ajudará a atravessar a fornalha exatamente da mesmo maneira que ajudou outras pessoas. Para Simone Weil, a aflição é constituída de isolamento, autoabsorção, condenação, raiva, e “cumplicidade” com a dor. Uma rápida olhada nessa lista revela que esses fatores serão mais ou menos destacados dependendo do temperamento e da maturidade espiritual da pessoa, e também das causas da adversidade. Faça os ajustes necessários.
Terceiro ...
(CONTINUAREI ...)
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